Transplantes no Brasil: apesar das críticas, espera por coração pode levar menos de um mês
Ditam a ordem na lista de espera critérios como: disponibilidade do órgão, compatibilidades sanguínea, física e gravidade do paciente. Médicos rechaçam favorecimentos pessoais
A notícia da insuficiência cardíaca do apresentador Fausto Silva ainda repercutia quando o Brasil inteiro ficou sabendo que ele já havia recebido um novo coração. O que gerou muita especulação, fake news e boatos maldosos sobre o sistema de transplantes brasileiro — considerado o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo — segundo o Ministério da Saúde.
Segundo os especialistas, a eficiência do sistema e a rapidez no processo é o que salva vidas. Segundo o Ministério, um em cada quatro transplantes de coração ocorrem em menos de 30 dias. Em 2023 foram realizados 262 transplantes de coração, 72 ocorreram em menos de um mês. E mais da metade dos pacientes recebeu o novo coração em até 90 dias. Segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Daniela Salomão, o tempo não é previsível.
“O paciente, no momento que ele entra na lista, ele já está concorrendo. Então se acontecer uma doação duas horas depois que o paciente entrou na lista e os critérios técnicos daquele doador são favoráveis para aquele paciente, ele será contemplado. Já ocorreu no nosso país, de paciente com transplante com menos de 24 horas. Os critérios estão lá, são técnicos, são estabelecidos — e acontece uma doação que casa os critérios do doador com aquele receptor inserido.”
Atualmente, 379 pessoas esperam por um transplante de coração no Brasil. A lista é única, ou seja, vale tanto para pacientes do SUS, quanto para os da rede privada. E estas listas de espera são geridas pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única.
Como funciona a lista de espera
O primeiro critério seguido na lista de transplantes é a ordem de chegada. A partir daí são seguidos critérios técnicos, como: tipo sanguíneo, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e gravidade do estado de saúde do paciente.
Além desses fatores, a equipe médica responsável pelo transplante pode recusar o órgão se o estado de saúde do paciente, que estiver em primeiro lugar na fila, desaconselhar a cirurgia naquele momento.
Segundo a coordenadora-geral do SNT, a doação de órgãos é um processo complexo que “envolve diferentes instituições e requer agilidade para ser bem-sucedido. Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado tempo de isquemia. Para o coração, o tempo de isquemia é de apenas 4 horas, tornando o transplante do órgão ainda mais complexo”.
Transplantes realizados e filas de espera
De janeiro a 28 de agosto deste ano, foram realizados 262 transplantes de coração no Brasil. O número é 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O tempo de espera, de 1º de janeiro a 27 de agosto, teve a seguinte variação de atendimento:
Menos de 30 dias – 72 pessoas = 27,5%
De 30 a 90 dias – 65 pessoas = 24,8 %
De 3 a 6 meses – 39 pessoas= 14,8%
De 6 meses a 1 ano – 48 pessoas = 18,3%
Mais de 1 ano – 38 pessoas = 14,5%
Além do coração
De janeiro a agosto, 11.908 pacientes realizaram transplantes de órgãos no Brasil. O STN realiza os seguintes transplantes:
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino;
Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.
Órgãos como rim, parte do fígado ou da medula óssea podem ser doados em vida, os demais só ocorrem quando há morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória.
Transplante de rins (doador vivo ou não)
Por se apresentar em dupla no organismo, o rim pode ser doado também por pacientes vivos — e não é raro acontecer. Segundo a médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto, para doar órgão em vida, o doador também precisa ser avaliado, sobretudo para investigar se há doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é o primeiro ponto em todos os casos, mas há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
A médica, que atua em Cascavel-Paraná, conta que em 2022 foram feitos mais de 4.500 transplantes renais no país, mas ainda existem 30 mil pacientes na lista de espera. Para reduzir essa fila, ela faz um chamado:
“O sistema de transplante funciona independente de classe, religião e dinheiro; ele funciona muito sério no nosso país. E qual é o recado que eu quero deixar aqui: o que vai agilizar esse sistema? É a sua doação. É o fato de você se declarar doador e falar para a sua família que você é doador.”
Mais vida depois do transplante
Luiz Carlos Domenico, hoje com 73 anos, descobriu numa consulta de rotina ao médico que estava com um problema no fígado. Durante o exame específico, a médica disse que só o transplante salvaria a vida dele. Foram dois anos de espera até que um doador compatível aparecesse. Em 2009 recebeu o órgão de um doador da mesma cidade, Curitiba, no Paraná.
Lá se vão 14 anos desde a cirurgia que salvou a vida do professor de matemática, que atua até hoje. Segundo ele, graças ao doador, e também aos cuidados que tem e terá pelo resto da vida. Já que o pós-operatório do transplante é fundamental para a manutenção da saúde do órgão enxertado.
“A pessoa se sente bem e para de tomar os imunossupressores — remédios que se usa para evitar rejeição — por isso acontece muito a perda de transplantados por negligência do transplantado. Ele acha que está bem e daí começa a abusar, começa a comer mal, não tomar os remédio. E isso é fatal.”
Para o professor, que hoje vive uma vida normal e saudável graças a um doador, é fundamental que as pessoas conversem com seus familiares sobre o assunto.
“Tem que conversar por que às vezes é a pessoa é e nunca falou nada. Quem não tem na família ou nenhum conhecido, no vizinho, alguém que está envolvido com transplante, a pessoa não pensa nisso, pois não fez parte da vida dela. Então tem que chamar a atenção para que você tenha mais pessoas querendo ser doadores” incentiva.
Como se tornar um doador
Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos no Brasil. Mas, por lei, a decisão de doar cabe aos familiares. Portanto, o interessado deve manifestar à família o desejo de ser um doador.
Ao constatar a morte de um parente, a família deve informar a equipe médica, que tomará as medidas necessárias para receber os órgãos doados, no menor prazo e nas condições técnicas adequadas.
Brasil já registrou mais de 26 mil casos de homicídios dolosos, ao longo de 2024
Bahia é o estado que teve o maior número de casos, 3.048. A unidade da federação tem uma taxa de 27,37 homicídios a cada 100 mil habitantes
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Ao longo de 2024, o Brasil já registrou 26.591 homicídios dolosos – quando há intenção de matar. De acordo com dados do governo federal, o número de vítimas desse tipo de crime chega a 97 por dia.
Bahia é o estado que registrou até agora o maior número de casos, 3.048. A unidade da federação tem uma taxa de 27,37 homicídios a cada 100 mil habitantes. Na sequência aparece Pernambuco, com 2.474 vítimas e uma taxa de 34,58 casos a cada 100 mil habitantes.
Em terceiro lugar no ranking está o Ceará, com 2.381 casos. Nesse tipo de crime, o estado tem uma taxa de 34,38 casos a cada 100 mil habitantes. Por outro lado, as unidades da federação com menores índices de homicídios dolosos são Roraima, com 83; Acre, com 111; e Distrito Federal, com 151.
Os números são apresentados em meio aos debates entre os governadores dos estados e o governo federal sobre ações que possam melhorar a segurança pública no país. O governo federal até propôs uma PEC com algumas mudanças na área. No entanto, os governantes estaduais acharam a proposta rasa e cobraram medidas mais profundas para minimizar os problemas relacionados à violência. Alguns deles, como Ronaldo Caiado, de Goiás, pede mais autonomia dos estados em relação à elaboração de leis penais.
Confira o número de casos por estado e seus respectivos governadores
AC (111) – Gladson Cameli (PP)
AL (749) – Paulo Dantas (MDB)
AM (797) – Wilson Miranda (UNIÃO)
AP (164) – Clécio Luis (SOLIDARIEDADE)
BA (3.048) – Jerônimo Rodrigues (PT)
CE (3.281) – Elmano de Freitas (PT)
DF (151) – Ibaneis Rocha (MDB)
ES (600) – Renato Casagrande (PSB)
GO (658) – Ronaldo Caiado (UNIÃO)
MA (1.392) – Carlos Brandão (PSB)
MG (2.076) – Romeu Zema (NOVO)
MS (264) – Eduardo Riedel (PSDB)
MT (661) – Mauro Mendes (UNIÃO)
PA (1.874) – Helder Barbalho (MDB)
PB (718) – João Azevedo (PSB)
PE (2.474) – Raquel Lyra (PSDB)
PI (411) – Rafael Fonteles (PT)
PR (1.191) – Ratinho Jr. (PSD)
RJ (2.355) – Cláudio Castro (PL)
RN (467) – Fátima Bezerra (PT)
RO (313) – Marcos Rocha (UNIÃO)
RR (83) – Antonio Denarium (PP)
RS (1.051) – Eduardo Leite (PSDB)
SC (382) – Jorginho Melo (PL)
SE (258) – Fábio Mitidieri (PSD)
SP (1.769) – Tarcísio de Freitas (REPUNLICANOS)
TO (193) – Wanderlei Barbosa (REPUBLICANOS)
Latrocínio
Em relação ao latrocínio – que é o roubo seguido de morte – o Brasil registou, em 2024, 673 casos, com uma média de duas vítimas por dia. Nesse tipo de crime, quem lidera o ranking é o estado de São Paulo, com 135 latrocínios ao longo do ano, com uma taxa de 0,39 casos a cada 100 mil habitantes.
Em seguida aparece o Rio de Janeiro, com 64 casos registrados e uma taxa de 0,50 latrocínios cada 100 mil habitantes. Pernambuco, por sua vez, aparece em terceiro lugar, com 57 casos em 2024, além de registrar uma taxa de 0,80 a cada 100 mil habitantes.
Quanto aos casos de estupro, o Brasil já registrou 58.776, ao longo deste ano. A média diária é de 215 casos. São Paulo também apresenta o maior número entre os estados: 11.975, com uma taxa de 34,37 estupros a cada 100 mil habitantes.
O Paraná surge em segundo lugar, com 5.311 casos, uma taxa de 59,89 casos a cada 100 mil habitantes. O Rio de Janeiro, por sua vez, configura em terceiro, com 4.409 estupros e uma taxa de 34,14 a cada 100 mil habitantes.
Já os que registram os menores números são Roraima, com 434 casos; Acre, com 476; e Amapá, com 479.
Feriado prolongado: confira dicas de como dirigir em segurança
Crescimento do fluxo de carros nas rodovias aumenta risco de acidentes
Dia 15 de novembro é feriado da Proclamação da República. A data antecede o final de semana e há quem aproveite o período para descansar em casa. Mas muitos brasileiros preferem usufruir da folga prolongada para viajar e o crescimento do fluxo de carros nas rodovias aumenta o risco de acidentes.
Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), entre os principais cuidados para prevenção de acidentes estão o respeito à sinalização de trânsito e não aliar álcool à direção. A orientação é: se beber, não dirija.
No verão o número de acidentes é mais expressivo, de acordo com o Detran-DF – o que corresponde aos meses de dezembro a fevereiro, Nesse período, há feriados prolongados, férias escolares e de trabalho, provocando um crescimento nas viagens de turismo. Mas independentemente da época, é preciso estar atento à segurança nas rodovias.
Inclusive, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deu início, na última quinta-feira (14), à Operação Proclamação da República 2024. O objetivo é reduzir a violência no trânsito e os acidentes nas rodovias federais do país por meio da intensificação de medidas como policiamento, fiscalização e a educação para o trânsito.
A policial federal Fernanda Souza destaca a importância da atuação da PRF. “O objetivo é reduzir o número de acidentes e também o número de mortos e feridos”.
Veja dicas de como dirigir em segurança:
Não ultrapasse em locais proibidos;
Ultrapasse sempre pela esquerda (somente em locais permitidos);
Trafegue sempre com os faróis acesos, mesmo durante o dia;
Respeite a velocidade da via;
Use o cinto de segurança (motorista e passageiros);
Faça a revisão no carro e confira todos os itens de segurança (estepe, triângulo e luzes de faróis e freios).
Cheque a previsão do tempo também para os dias de deslocamento;
Estude rotas alternativas;
Certifique-se de que todos os ocupantes do veículo tenham/portem o documento de identificação, inclusive crianças e adolescentes e
Ocupantes de motocicletas: devem sempre usar o capacete e manter distância das laterais traseiras dos veículos.
Explosões em Brasília: Praça dos Três Poderes e trânsito na Esplanada liberados nesta sexta-feira (15)
A Polícia Federal abriu inquérito na divisão de terrorismo para investigar o ataque à Suprema Corte brasileira e a possível participação de outros envolvidos
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A Praça dos Três Poderes e o trânsito nas vias ao redor dela, assim como do Palácio da Alvorada e do Congresso Nacional, estão liberadas desde a tarde desta quinta (14), pouco mais de 14 horas depois do atentado próximo ao Supremo Tribunal Federal na noite da última quarta-feira (13). Até mesmo o restaurante que funciona na praça voltou a funcionar normalmente.
Mesmo depois de passarem por uma varredura na madrugada, não houve expediente nas duas casas legislativas do Congresso Nacional nesta quinta (14). O STF foi vistoriado pela manhã, mas à tarde os ministros voltaram a despachar normalmente, inclusive com sessão plenária. O presidente Lula também despachou do Palácio do Planato pela manhã.
O programa de visitação pública no STF está suspenso provisoriamente. No Congresso Nacional, a suspensão vale até domingo (17).
Segurança reforçada
Apesar de o local estar liberado, a segurança na Praça dos Três Poderes continua reforçada. As grades que protegem o prédio do STF — que haviam sido removidas há cerca de um mês — foram recolocadas. Militares do Exército reforçam a segurança na frente do Palácio do Planalto.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) convocou todo o efetivo a permanecer em estado de sobreaviso até o próximo domingo (17). “O efetivo convocado deve estar preparado para acionamentos a qualquer momento, devendo se manter acessível e disponível para eventuais emergências”, afirmou o o delegado-geral, José Werick de Carvalho, em comunicado.
O corpo de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos — autor do atentado — foi retirado da Praça na manhã desta quinta. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, durante a operação foi identificado material potencialmente explosivo junto ao corpo dele, além de um aparelho celular. Os explosivos foram neutralizados pelo Esquadrão de Bombas do BOPE, o local passou por perícia e só então foi liberado.
Casa em Ceilândia (DF)
As investigações levaram a Polícia até uma casa em Ceilândia, a 25 km do local do atentado. O local havia sido alugado por Francisco há cerca de 2 semanas. A varredura na casa foi feita com a ajuda do robô antibomba, que abriu uma gaveta e houve uma grande explosão. No local ainda foram encontrados explosivos e rojões.
A Polícia Federal abriu inquérito na divisão de terrorismo para investigar o ataque e a possível participação de outros envolvidos.
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