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Nova regra exige que empresas avaliem riscos à saúde mental no trabalho a partir de maio

Atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), prevê incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST)

Nova regra exige que empresas avaliem riscos à saúde mental no trabalho a partir de maio

A partir de maio deste ano, as empresas brasileiras terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Com isso, os empregadores deverão avaliar os riscos à saúde mental dos colaboradores nas empresas. A exigência decorre da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em agosto do ano passado.

A norma destaca que riscos psicossociais como estresse, assédio e carga mental excessiva, devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores integrando as medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.

Segundo o MTE, os riscos psicossociais estão relacionados à organização do trabalho e às interações interpessoais no ambiente laboral e incluem fatores como metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais e falta de autonomia no trabalho. Tais elementos, de acordo com a Pasta, podem causar estresse, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental nos trabalhadores.

O especialista em Direito do Trabalho, sócio do escritório Ambiel Advogados, Aloísio Costa Junior, destaca os benefícios trazidos pela medida aos trabalhadores do país.

“A partir do momento que a norma regulamentadora estabelece, mais especificamente, obrigações do empregador para que ele cuide da saúde no ambiente de trabalho, os trabalhadores são diretamente afetados, primeiro porque eles são beneficiados por essas medidas que o empregador vai ter que adotar, então o impacto que isso causa já é o impacto próprio no meio ambiente de trabalho, nas medidas de segurança e de saúde”, aponta Costa Junior.

Dados da pesquisa Saúde do colaborador 2024: um panorama do mercado corporativo brasileiro, elaborada pela corretora de benefícios Pipo Saúde, apontam que 48% dos trabalhadores brasileiros têm risco de saúde mental. O levantamento teve 8.980 respondentes de diferentes níveis hierárquicos no país.

A pesquisa aponta, ainda, que o Brasil é o país com maior número de pessoas com depressão e ocupa o segundo lugar no ranking de país mais ansioso do mundo. Inclusive, as doenças relacionadas à saúde mental entraram oficialmente na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho no início de 2024.

Já o estudo Check-up de bem-estar 2024 da Vidalink, empresa de bem-estar corporativo, mostrou que 31% dos trabalhadores brasileiros não fazem nada para cuidar da saúde mental. 

Mudanças com a atualização da NR-1

Em nota, a coordenadora-geral de Fiscalização em Segurança e Saúde no Trabalho, Viviane Forte, ressaltou que a NR-1 já exigia que os riscos no ambiente laboral fossem reconhecidos e controlados, mas existiam dúvidas acerca da inclusão explícita dos riscos psicossociais.

O especialista em Direito do Trabalho, Aloísio Costa Junior, destaca que a atualização esclarece procedimentos que o empregador deve que adotar na manutenção da segurança e da saúde no ambiente de trabalho, na prevenção e identificação de riscos, bem como no estabelecimento de planos de manutenção para mitigar ou até eliminar os riscos identificados.

“Então, passa a haver uma especificação maior do passo a passo que o empregador tem que adotar para evitar que os riscos à saúde e à segurança afetem o ambiente de trabalho”, diz.

O especialista explica que, na prática, as empresas vão ter que estabelecer um plano para seguir o que a norma regulamentadora estabelece, com vistas a prevenir, identificar e mitigar os malefícios à saúde dos empregados.

“As empresas, principalmente as maiores, que têm CIPA, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que já se beneficiam de empresas de saúde e segurança do trabalho, elas poderão continuar utilizando isso. Agora, se a empresa que não tem estrutura pronta para atender aquilo, recomenda-se sim que contraste esses serviços [de profissionais de saúde mental], de preferência com ajuda e supervisão de um advogado, para que não haja dúvidas quanto ao cumprimento da norma e para evitar riscos de um passivo no futuro”, esclarece Costa Junior.

“A avaliação deve se dar com profissionais da área da saúde voltados para psicologia ou psiquiatria para que haja identificação adequada de quais são os riscos envolvidos, como preveni-los, como tratar um empregado que possa sofrer de alguma questão nesse sentido”, completa o especialista.

O documento não obriga a contratação desses profissionais especializados como funcionários fixos. Porém, o MTE informa que as empresas podem contratar especialistas como consultores para colaborar com a identificação e avaliação de riscos psicossociais, principalmente em casos mais complexos.

Caso o empregador não adote as medidas previstas na norma regulamentadora estará sujeito às sanções previstas na lei. Costa Junior alerta que o empregador que não comprovar o cumprimento das exigências pode ser responsabilizado judicialmente.

Confira as possíveis sanções mencionadas pelo especialista:

  • O empregador pode ser fiscalizado e autuado pelo próprio MTE, responsável pela fiscalização;
  • O MTE tem competência para fiscalizar e investigar o cumprimento da legislação do trabalho em âmbito coletivo;
  • Caso haja denúncia de que existe algum problema no estabelecimento ou que o empregador não cumpre as medidas, é passível de investigação pelo MTE;
  • MTE pode ajuizar ação civil pública contra o empregador para exigir adequações e até mesmo pagamento de indenizações por danos coletivos.

“[O empregador] também está sujeito, no caso de ações individuais dos empregados que se sentirem prejudicados, a ações trabalhistas na Justiça do Trabalho, também com a possibilidade de reconhecimento de que eventuais riscos no ambiente de trabalho causaram doenças, causaram distúrbios, seja à saúde física ou saúde mental, e com isso serem obrigados a pagar indenizações por conta disso”, afirma Costa Junior.

Aloisio alerta para que os empregadores fiquem atentos aos procedimentos para cumprir as exigências. “Caso contrário, a Justiça pode presumir, se o empregador não provar que causou aquelas medidas, a Justiça pode presumir que o empregador causou ali o risco ou não fez nada para evitar o risco à saúde e segurança do trabalho. E por isso pode ser considerado responsável.”

Fiscalização

Conforme nota do MTE, a fiscalização será realizada de forma planejada e por meio de denúncias encaminhadas à Pasta. Os setores com alta incidência de adoecimento mental – como teleatendimento, bancos e estabelecimentos de saúde – serão prioritários.

Os auditores-fiscais verificarão durante as inspeções os aspectos relativos à organização do trabalho, buscarão dados de afastamentos por doenças – como ansiedade e depressão – realizando entrevistas a trabalhadores e analisando documentos para identificar possíveis situações de risco psicossocial naquela localidade.
 

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CNI: pessimismo aumentou em 15 setores da indústria e entre todos os portes de empresa

Queda também foi observada em quatro regiões em relação a março no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial

CNI: pessimismo aumentou em 15 setores da indústria e entre todos os portes de empresa

Os resultados do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na última sexta-feira (25), apontam que a confiança da indústria caiu de forma generalizada em abril. Em relação a março, o indicador caiu em 15 dos 29 setores industriais considerados pelo levantamento, em quatro regiões do país e entre todos os portes de empresas.

A Região Sudeste teve a maior queda entre todas as regiões brasileiras, de 1,3 ponto, com impacto significativo no resultado nacional do ICEI. A região atingiu o menor nível de confiança da indústria desde junho de 2020. Com isso, em abril, a confiança da indústria do Sudeste recuou para 45,9 pontos.

Além da Região Sudeste, a confiança também caiu no Nordeste (-0,6 ponto), Norte (-1,1 ponto) e Centro-Oeste (-0,8 ponto), em todos os portes de empresa industrial (pequeno, médio e grande). No Sul, a confiança da indústria ficou praticamente estável (+0,2 ponto).

Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a percepção de piora nos negócios e na economia brasileira justificam a queda de confiança generalizada no setor industrial.

“As empresas estão percebendo uma piora nas condições de seus negócios, uma piora na economia brasileira como um todo. E quando se fala das expectativas, olhando para frente, elas veem uma piora das expectativas com relação à empresa e também com relação à economia brasileira ”, explica Marcelo Azevedo.

Recorte setorial 

Apesar do índice ter diminuído em 15 dos 29 segmentos da indústria, aumentou em 13 e não mudou em um. Dessa forma, cinco setores industriais saíram de um estado de confiança para um estado de falta de confiança, enquanto três fizeram o caminho inverso.

Confira os setores que se tornaram pessimistas:

  • Obras de infraestrutura;
  • Produtos químicos (exceto perfumaria, limpeza etc.);
  • Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos;
  • Máquinas e materiais elétricos;
  • Manutenção e reparação.

Confira os setores menos confiantes:

  • Produtos de minerais não-metálicos; 
  • Madeira; 
  • Vestuário e acessórios; 
  • Serviços especializados para a construção.

O balanço final de abril revela que empresários de 23 setores estão pessimistas, enquanto os representantes de apenas seis segmentos estão otimistas, sendo extração de minerais não metálicos, bebidas, calçados e suas partes, biocombustíveis, farmoquímicos e farmacêuticos e de veículos automotores.

Outro resultado negativo do ICEI foi que em abril de 2025 a confiança da indústria caiu em todos os portes de empresa. Com a queda, as indústrias de grande porte migraram de um estado de confiança para falta de confiança. É a primeira vez desde janeiro de 2023 que as grandes indústrias registram falta de confiança.
 

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TCU lança plataforma interativa para transformar cidadão em fiscal dos recursos públicos

Objetivo da ferramenta é promover consultas, de forma que o cidadão ajude nas decisões sobre a fiscalização do dinheiro público

TCU lança plataforma interativa para transformar cidadão em fiscal dos recursos públicos

Agora é oficial: o cidadão ganhou voz direta no controle do dinheiro público. O Tribunal de Contas da União (TCU) lançou esta semana a Plataforma do Cidadão, um portal digital que promete aproximar a população das decisões sobre as fiscalizações realizadas pelo órgão.

A grande novidade é a possibilidade de votar em temas que serão auditados pelo TCU. Já está no ar a primeira consulta pública, com 15 áreas prioritárias — entre elas saúde, educação, segurança e habitação. Os assuntos mais votados vão integrar a pauta oficial do Tribunal e cinco auditorias já serão iniciadas com base nessas escolhas ainda em 2025.

Para participar, basta acessar cidadao.tcu.gov.br com login gov.br. Além de votar, é possível acompanhar o andamento das ações, comentar, curtir e até conversar diretamente com a Ouvidoria do TCU. A consulta ficará aberta até o dia 27 de junho.

Inspirada em uma iniciativa semelhante na Corte de Contas da França, a plataforma é intuitiva, com vídeos, perguntas e respostas e linguagem acessível. O que para o presidente da Corte, Vital do Rêgo, é um passo decisivo para transformar o TCU no verdadeiro Tribunal do Cidadão. 

“Colocando as pessoas no centro de tudo que fazemos. Assim, manteremos viva a conexão para transformar o cidadão em parceiro permanente do controle externo”, afirmou. Segundo ele, a proposta é tornar o controle externo mais transparente, inclusivo e alinhado às demandas reais da população.

A plataforma também permite ativar alertas para acompanhar os temas selecionados e se cadastrar para receber atualizações sobre futuras consultas e fiscalizações. Com essa inovação, o TCU reforça sua agenda de 2025-2026, focada em participação social e transparência.

Primeiras respostas 

A votação fica aberta até o dia 17 de junho para que a população escolha os principais problemas que devem ser fiscalizados ainda este ano. Entre os 15 temas pré-selecionados estão áreas como saúde, educação, segurança pública, habitação, meio ambiente, energia e inclusão digital. Os cinco tópicos mais votados serão priorizados nas auditorias a partir do segundo semestre.

Ao participar, o cidadão pode relatar por que considera determinado tema relevante para sua comunidade. Também é possível acompanhar todas as etapas do processo — desde o resultado da votação até a fiscalização em campo e o julgamento final — por e-mail. Para votar, basta acessar a Plataforma do Cidadão no site do TCU e fazer login com cadastro próprio ou por meio do gov.br.
 

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Rádios educativas: No Sudeste, 100 cidades demonstraram interesse em operar emissoras

Edital do Ministério das Comunicações atrai interessados em operar rádios educativas em 237 cidades. Ao todo, foram recebidas 546 manifestações de interesse em 25 estados

Rádios educativas: No Sudeste, 100 cidades demonstraram interesse em operar emissoras

O Ministério das Comunicações recebeu 546 propostas de operação de rádios EDUCATIVAS em 237 cidades brasileiras, distribuídas por 25 estados do país. Este foi o primeiro processo seletivo do Plano Nacional de Outorgas de Rádios Educativas, lançado em 18 de dezembro de 2024. Além desse, há previsão de mais três editais até 2026.

A região Sudeste registrou o maior número de cidades com manifestações recebidas: 100 no total. Foram identificados interessados em operar rádios educativas em 72 cidades de Minas Gerais, 16 de São Paulo, sete do Espírito Santo e cinco do Rio de Janeiro.

O resultado pode ser conferido AQUI.

No Nordeste, houve manifestações em 81 municípios, divididos entre Ceará, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte.

Na região Norte, o Ministério das Comunicações contabilizou 22 cidades interessadas em novas rádios educativas. Houve interesse no Pará, em Roraima, no Tocantins, no Amazonas, em Rondônia e no Acre.

Já no Centro-Oeste, dez cidades demonstraram interesse entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Já no Sul, foram registradas propostas em cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Para mais informações acesse gov.br/mcom.

 

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