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Mundo

Ato na Câmara de SP lembra os 33 anos de descoberta da Vala de Perus

Mais de 1 mil ossadas humanas foram encontradas no local

Para marcar os 33 anos da descoberta de uma vala clandestina que continha mais de 1 mil ossadas humanas, a Câmara Municipal de São Paulo realiza na noite de hoje (4) um ato em memória dos desaparecidos e mortos durante a ditadura militar, instalada pelo golpe de 1964. A vala comum foi encontrada em 4 de setembro de 1990 no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus.

Conforme destaca o Instituto Vladimir Herzog, em um site dedicado a contar a história da Vala de Perus, essas pessoas foram enterradas como indigentes, mas a maioria tinha ficha contendo nome e filiação. Quando se teve acesso à vala, 1.049 sacos com ossada humana foram encontrados. A entidade de defesa dos direitos humanos também publicou o livro Vala de Perus: um crime não encerrado da ditadura militar, que pode ser baixado gratuitamente.

De acordo com o instituto, até 2020, somente cinco ossadas haviam sido identificadas. Conforme explicou, em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do Centro deAntropologia e Arqueologia Forense (CAAF), da Universidade Federal de São Paulo, (Unifesp), Carla Osmo, os restos mortais das vítimas da ditadura ficaram armazenados inadequadamente por anos, o que dificultou o trabalho de reconhecimento. Além disso, ao longo dos quatro anos do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o grupo de pesquisadores com autorização para identificar as vítimas teve que lidar com impedimentos.

Carla conta que a atividade de identificação é conduzida pelo governo federal e regulada por um processo que tramita na Justiça federal, a partir de uma ação movida pelo Ministério Público Federal. Criado em 2014, o CAAF-Unifesp é uma das instituições com essa responsabilidade, desde 2018.

No pouco tempo em que pode atuar – considerando os impedimentos do governo passado –, o CAAF-Unifesp conseguiu concluir a primeira etapa do trabalho: coletar amostras de DNA que não se misturaram às de outras vítimas e enviá-las a especialistas na Holanda.

O objetivo foi verificar se o material genético era compatível com familiares das vítimas, para assim confirmar ou descartar sua identidade. Agora a equipe de pesquisadores aguarda um novo acordo do governo para dar sequência à segunda etapa, que permitirá analisar amostras com material de mais de uma pessoa.

Uma das ossadas identificada é a de Aluísio Palhano. Ele foi preso no antigo Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna, conhecido como DOI-Codi, e teve a identidade confirmada em dezembro de 2018. Outra vítima identificada no mesmo ano foi Dimas Antônio Casemiro, que viu sentido nos princípios do socialismo por influência do pai e se tornou militante.

O Instituto Vladimir Herzog lembra quando o jornalista Caco Barcelos descobriu, em uma sala do Instituto Médico Legal, laudos com data de 1971 a 1973, referentes a encaminhamentos feitos pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Nos documentos, havia uma letra “T” feita à mão com lápis vermelho que, segundo o instituto, se referia a “terrorista”.

Carla Osmo acrescenta que algumas vítimas eram de periferias e até hoje não se sabe ao certo quem são: “a Vala de Perus é uma das maiores evidências da imensidão da atrocidade da ditadura brasileira”.

A coordenadora do CAAF-Unifesp defende que o Estado cumpra seu dever quanto à identificação das vítimas e que estruture um memorial de homenagem a elas, exercendo a escuta dos pesquisadores envolvidos com o projeto, bem como familiares, a comunidade de Perus e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“É muito importante que a gente lembre que muitas famílias, até hoje, não puderam fazer uma despedida digna para as pessoas queridas que foram mortas pela violência de Estado.”

Edição: Denise Griesinger

Fonte: EBC

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Mundo

Chef brasileiro é escolhido 1º Embaixador Gastronômico da ONU Turismo

Título foi anunciado hoje durante encontro do G20 Turismo

O chef brasileiro Saulo Jennings é o 1º Embaixador Gastronômico da ONU Turismo no mundo. O anúncio foi feito hoje (20) pelo secretário-geral do organismo internacional Zurab Pololikashvili durante encontro do G20 Turismo, em Belém, no Pará.

A ONU Turismo inaugurou escritório regional no Rio de Janeiro em dezembro de 2023 para impulsionar o setor em todo o continente americano.

O chef de cozinha é um dos principais expoentes da culinária amazônica. Nascido em Santarém, ele representará o Brasil como referência de valorização da comida inspirada na cultura alimentar da região do Tapajós.

Saulo Jennings destacou que o título é resultado não apenas do trabalho dele, mas também do esforço coletivo de sua comunidade. “Esse prêmio é um reconhecimento de um trabalho de longo prazo, não só meu, mas de todos que cuidam da nossa comida e da produção dos nossos peixes, sempre respeitando a floresta. Também é uma vitória para a comida regional, que antes era vista como simples, mas agora mostra que pode ocupar um espaço de destaque na alta gastronomia”, ressaltou ao ser agraciado com o título.

Ele lembra que a gastronomia movimenta não só o turismo, mas diversos elos produtivos da economia, beneficiando cerca de 300 famílias. “São desde os pescadores até os cozinheiros que preparam os pratos, ciclo que gera emprego e renda para população local. E é assim que conseguimos promover desenvolvimento sustentável nessa importante região do país”, explicou.

Dados do Ministério do Turismo apontam que mais de 95% dos visitantes internacionais avaliam positivamente a culinária local, reforçando o papel da gastronomia como um dos principais atrativos turísticos e contribuindo para o fortalecimento da economia e do turismo nacional.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, comemorou o título que dará visibilidade internacional à gastronomia brasileira e, principalmente, da Região Norte. “O chef Saulo está revolucionando a Amazônia e, agora, vai levar toda essa potencialidade gastronômica para o mundo. Nossa culinária é riquíssima e com alto poder de atrair turistas”, enfatizou o ministro.

O chef Saulo participou do painel “Cozinha Global e Turismo Gastronômico” nesta sexta-feira (20) durante o G20 Turismo. Moderado pela jornalista Daniela Filomeno, o encontro fomentou discussões relevantes sobre o impacto desse segmento no cenário mundial.

Edição: Érica Santana

Fonte: EBC

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Mundo

Deputado Glauber Braga é detido durante desocupação da Uerj

Policiais usaram bombas de efeito moral e alunos revidaram com pedras

Após 56 dias de ocupação, os estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram retirados do Pavilhão João Lyra Filho, principal prédio do Campus Maracanã. Eles descumpriram o prazo dado pela Justiça para que saíssem do edifício e, com autorização judicial, a Polícia Militar entrou no local para retirá-los.

Houve confronto, policiais usaram bombas de efeito moral, estudantes revidaram com pedras. Estudantes chegaram a ser detidos. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) também foi detido,ao defender os estudantes.

Em nota, a reitoria da Uerj confirmou que, na tarde desta sexta-feira (20), foi concluída a desocupação do Pavilhão João Lyra Filho e assinada a reintegração de posse dos espaços da Uerj. Segundo a reitoria, a maior parte dos grupos da ocupação “evadiu-se antes que os agentes pudessem identificá-los. Outros, no entanto, foram detidos e levados para registro de ocorrência, visto que se encontravam em descumprimento de decisão judicial”.

A reitoria diz ainda que “lamenta profundamente que, apesar de todos os esforços de negociação – oito reuniões com entidades representativas dos estudantes e audiência de conciliação com a juíza do Tribunal de Justiça – a situação tenha chegado a esse ponto de intransigência por parte dos grupos extremistas da ocupação”.

Pelas redes sociais, os estudantes manifestaram indignação com a atitude da reitoria. “É absurdo, é autoritário, e só se viu ação assim durante a ditadura militar”, dizem em publicação e complementam em outra: “a reitoria da Uerj deu ordens para o choque retirar estudantes pobres de dentro da universidade”.

Em nota, o PSOL se manifestou sobre a prisão de Braga. “A prisão do deputado federal do PSOL Glauber Braga se deu de modo arbitrário e ilegal, quando nosso parlamentar tentava negociar uma solução pacífica para a reintegração de posse do Pavilhão João Lyra Filho”.

O partido informou ter acionado o departamento jurídico para avaliar as medidas cabíveis contra o estado do Rio de Janeiro.

Na ação, um policial se feriu enquanto manuseava os próprios equipamentos e acabou sendo levado para o hospital.

Reivindicações

Os estudantes protestam contra mudanças nas regras para a concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Eles pedem a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxílio alimentação passará a ser pago apenas a estudantes cujos cursos tenham sede em campi que ainda não disponha de restaurante universitário. O valor do auxílio alimentação será de R$ 300, pago em cotas mensais, de acordo com a disponibilidade orçamentária.

Além disso, ato da Uerj estabelece como limite para o recebimento de auxílios e Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social ter renda familiar, por pessoa, bruta igual ou inferior a meio salário mínimo vigente no momento da concessão da bolsa. Atualmente, o valor é equivalente a até R$ 706. Para receber auxílios, a renda precisa ser comprovada por meio do Sistema de Avaliação Socioeconômica.

As novas regras, segundo a própria Uerj, excluem mais de 1 mil estudantes, que deixam de se enquadrar nas exigências para recebimento de bolsas.

A Uerj informa ainda que as bolsas de vulnerabilidade foram criadas no regime excepcional da pandemia e que o pagamento delas foi condicionado à existência de recursos. De acordo com a universidade, os auxílios continuam sendo oferecidos para 9,5 mil estudantes, em um universo de 28 mil alunos da Uerj, e que todos os que estão em situação de vulnerabilidade continuam atendidos.

Regras de transição

Ao longo da ocupação, houve confrontos entre estudantes e universidade. Tanto a reitoria quanto os estudantes alegaram falta de espaço para negociações. A Uerj não recuou no ato, mas estabeleceu uma transição até que as novas regras passem a vigorar.

Entre as medidas de transição estão o pagamento de R$ 500 aos estudantes que deixam de se enquadrar nas regras da Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social, o pagamento de R$ 300 de auxílio-transporte e tarifa zero no restaurante universitário ou auxílio-alimentação de R$ 300 nos campi sem restaurante. As medidas são voltadas para estudantes em vulnerabilidade social com renda per capita familiar acima de 0,5 até 1,5 salário mínimo e valem até dezembro.

Sem negociação, o caso acabou judicializado. No último dia 17, foi realizada uma audiência de conciliação, mas não houve acordo. A juíza determinou a desocupação da universidade, mas garantiu aos estudantes o direito à reivindicação. “Deve ser preservado o direito de reivindicação, devendo, contudo, os alunos, exercer tal direito nos halls existentes nos andares do prédio no período compreendido entre 22h e 6h da manhã, sem qualquer obstáculo ao regular funcionamento da universidade. Os demais espaços que os alunos pretendam ocupar devem ser submetidos à prévia aprovação da reitoria”, diz a decisão.

A juíza também agendou para o dia 2 de outubro uma nova audiência especial, com o objetivo de buscar um acordo sobre os valores das bolsas de estudo e dos demais auxílios.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC

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Polícia Federal prende 31 candidatos em 10 estados

Agentes cumpriram mandados de prisão em aberto

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