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Economia

Taxa de câmbio é fator de preocupação para quase 20% da indústria

No segundo trimestre de 2024, em linha com a taxa de câmbio, a indústria reportou que o preço médio dos insumos aumentou de forma mais intensa e disseminada, aponta pesquisa da CNI

Taxa de câmbio é fator de preocupação para quase 20% da indústria

A elevada carga tributária segue como o principal problema enfrentado pelas empresas industriais. Mas existe um outro fator que despertou a atenção da indústria recentemente e tem preocupado o setor: a taxa de câmbio. De acordo com os indicadores econômicos da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o percentual dos três principais problemas enfrentados no trimestre subiu de 5,6% para 19,6%, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2024.

O economista Fernando Dantas diz que a taxa de câmbio se tornou uma preocupação para a indústria porque existem fatores que impactam diretamente nas operações e na competitividade. Entre os principais motivos, ele destaca a desvalorização da moeda local.

“Uma moeda desvalorizada pode aumentar os custos de produção, impactando a margem de lucros. Do ponto de vista da política monetária de investimentos, as flutuações cambiais impõem que as indústrias precisem de maior estabilidade para planejar investimentos de longo prazo. As flutuações das taxas de câmbio geram incertezas, dificultando a previsão de receitas e despesas futuras”, destaca.

Dantas também afirma que as empresas com dívidas e financiamentos em moedas estrangeiras são diretamente afetadas pela desvalorização da moeda local, aumentando os custos financeiros e o risco de inadimplência. 

“A desvalorização da moeda, então, também pode gerar inflação importada, significando que os preços dos produtos importados e os serviços adquiridos no exterior podem diminuir o poder de compra do consumidor, têm impacto sobre a capacidade das indústrias de repassar esses custos e isso gera uma série de impactos sobre a capacidade da indústria de se manter competitiva, previsível e com preços estáveis”, ressalta.

Segundo o professor de Logística e Planejamento Estratégico do Centro Universitário Uniceplac e Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente, Romilson Aiache, qualquer instabilidade em áreas que compõem formação de custos e de preços dificulta o planejamento empresarial e o desempenho da organização:

“Pensando na oferta agregada, isso pode atrapalhar a produtividade e a competitividade dos nossos produtos”, ressalta.

Taxa de câmbio X fragilidade da economia

Para o professor Romilson Aiache, a instabilidade econômica, além de causar desgaste ao país, afeta a produtividade e a competitividade dos produtos brasileiros.

“A taxa de câmbio é administrada pelo Bacen, que se mantém com postura independente do governo. Assim, a taxa de câmbio passa a ser uma resposta do mercado ao desempenho da economia. Nesse sentido, a reversão de um cenário desfavorável não é simples, pois depende de um conjunto de fatores econômicos e políticos, pois o mercado é sensível às medidas e atitudes governamentais”, alerta.

Na opinião do economista Fernando Dantas, o contexto de volatilidade da taxa de câmbio torna o cenário da indústria nacional desafiador, muito embora, segundo ele, o câmbio desvalorizado torne o produto brasileiro mais competitivo em nível global. Por outro lado, o especialista destaca:

“Os insumos estrangeiros consumidos para a produção desses produtos nacionais também se valorizam sobremaneira, o que torna esse planejamento da indústria bastante difícil. Realmente, é necessário que se empreenda esforços no sentido de dar maior previsibilidade e estabilidade para a taxa de câmbio, a fim de tornar os produtos brasileiros mais competitivos”, observa.

Possibilidade de melhora no cenário

O doutor em economia Gustavo Galvão Paraíso acredita que a valorização do dólar é um fenômeno que decorre das altas taxas de juros pagas pelos títulos do Tesouro Americano. 

“Esse é um fenômeno que independe da própria política monetária aplicada no Brasil e se estende por todas as moedas transacionadas e conversíveis. O que o Banco Central faz para poder gerenciar essa situação é ofertar moeda, realizar contratos de swap cambial e há uma certa limitação para esse tipo de política”, aponta.

Mas outras ações também poderiam controlar esse cenário de instabilidade.

“Ajudaria também se o governo sinalizasse a responsabilidade com o equilíbrio fiscal e assim sinalizasse aos investidores estrangeiros que a estabilidade das expectativas gerará a segurança para o Brasil. Seus investimentos, o que trariam maior fluxo de recursos em moeda estrangeira, melhorando o perfil da taxa de câmbio no Brasil”, avalia.

Confiança no setor

A mais recente pesquisa da CNI, que analisa no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), mostra que o pessimismo dos empresários em relação à economia brasileira fez o indicador cair registrando o menor patamar desde maio do ano passado. De acordo com o levantamento, a percepção dos gestores é que as condições atuais estão piores em comparação com os seis meses anteriores, especialmente para a economia brasileira, e, em menor grau, para as próprias empresas. O recuo foi de 51,4 pontos para 50,1 pontos. A pesquisa ouviu 1.271 indústrias por todo país, entre os dias 1º e 5 de julho.

O ICEI consulta empresários industriais para prever o desempenho e sinalizar as mudanças de tendência da atividade industrial. A pesquisa é mensal e coleta as informações necessárias para a construção do ICEI, da Sondagem Industrial e da Sondagem Indústria da Construção.
 

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Cotação do boi gordo apresenta alta de 0,20%, neste início de semana

Já a carcaça suína especial apresentou elevação de 0,72% no preço e o quilo da mercadoria é comercializado a R$ 12,61, em atacados da Grande São Paulo

Cotação do boi gordo apresenta alta de 0,20%, neste início de semana

A cotação do boi gordo apresentou alta de 0,20%, neste início de semana.  Com o resultado, a arroba do produto passou a custar R$ 326,65, no estado de São Paulo. 

Em relação aos quilos dos frangos congelado e resfriado, houve estabilidade nos preços. Ambos estão comercializados a R$ 8,77. Para os dois produtos, as regiões de referência são da Grande São Paulo, São José do Rio Preto e Descalvado.

Já a carcaça suína especial apresentou elevação de 0,72% no preço e o quilo da mercadoria é comercializado a R$ 12,61, em atacados da Grande São Paulo.  

Para o quilo do suíno vivo, a tendência foi de queda nos preços em todos os estados analisados pelo Cepea, como é o caso de Santa Catarina, onde o produto é vendido a R$ 8,06. 

As informações são do Cepea.     
 

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INSS: confira calendário de pagamentos da antecipação do 13º salário

Adiantamento vai injetar R$ 73,3 bilhões na economia e será pago a 34,2 milhões de pessoas

INSS: confira calendário de pagamentos da antecipação do 13º salário

Aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios do INSS já podem consultar os valores da primeira parcela do 13º salário, que será antecipada neste ano. A consulta está disponível pelo aplicativo e site Meu INSS ou pela Central de Atendimento 135.

O pagamento de 50% da gratificação será feito junto com o benefício de abril, com calendário previsto entre 24 de abril e 8 de maio. A segunda parcela virá no mês seguinte, de 26 de maio a 6 de junho, acompanhando o cronograma regular de pagamentos.

Decreto presidencial

O adiantamento do 13º salário foi um pedido do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ao governo federal. A antecipação foi viabilizada por meio de decreto presidencial, publicado no Diário Oficial da União em 4 de abril.

Ao todo, R$ 73,3 bilhões  serão pagos a 34,2 milhões de pessoas. Que segundo Lupi, trata-se de um valor que “retorna para a economia, então não há porque afirmar que é despesa, é investimento”, declarou. 

Calendário de pagamento

O calendário de pagamentos leva em consideração o número final do cartão do benefício, sem considerar o dígito verificador (aquele que aparece depois do traço). Os segurados que recebem até um salário-mínimo serão os primeiros a receber, entre os dias 24 de abril e 8 de maio. Já os que ganham acima do piso nacional terão os valores creditados de 2 a 8 de maio.

Para quem não tem acesso à internet, a consulta pode ser feita por telefone, na Central 135. O atendimento funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h. Para acessar as informações, é necessário informar o número do CPF e confirmar alguns dados cadastrais.


 

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CFEM: R$ 67,8 milhões são partilhados entre municípios afetados por atividades minerárias

O município de Açailândia (MA) recebe a maior parcela, com um total acima de R$ 2.1 milhões

CFEM: R$ 67,8 milhões são partilhados entre municípios afetados por atividades minerárias

Os municípios brasileiros não produtores de minérios, mas que são afetados pela atividade minerária, partilham, neste mês, R$ 67.801.356,40. O montante é referente aos 15% do total arrecadado com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) em março.

Os recursos serão destinados a 1.326 municípios afetados pela atividade de mineração por possuírem ferrovias, estruturas, minerodutos ou que contam com atividades portuárias.

A verba é distribuída pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O município de Açailândia (MA) recebe a maior parcela, com um total de R$ 2.196.358,51. Na sequência aparece São Luís (MA), que conta com R$ 2.159.143,96; e Governador Valadares (MG), que ganhou R$ 1.539.332,40. 

FPM: municípios brasileiros partilham R$ 2,3 bi, nesta quinta-feira (17)

Vale lembrar que o valor partilhado entre esse grupo de cidades poderá ser complementado após a ANM simular o cálculo das parcelas devidas aos municípios produtores que podem receber como afetados, além do recálculo dos índices de distribuição, conforme previsto no Anexo I da Resolução ANM nº 143/2023. 

A agência também deve calcular os valores remanescentes que serão destinados aos municípios que fazem divisa com os produtores de minérios. O doutor em Geotécnica Rideci Farias explica como funciona o calendário de pagamentos da compensação.

“O pagamento é incidente a um determinado ciclo anual de distribuição da CFEM aos municípios afetados, em que se refere ao período de 12 meses — que compreende a arrecadação recolhida entre 1º de maio de um ano e 30 de abril do ano seguinte. E, por parte das empresas, o pagamento da compensação financeira é efetuado mensalmente até o último dia útil do mês subsequente ao fato gerador, devidamente corrigido”, destaca.

Confira a lista dos 10 municípios que recebem os maiores valores

  1. AÇAILÂNDIA (MA) – R$ 2.196.358,51 
  2. SÃO LUÍS (MA) – R$ 2.159.143,96 
  3. GOVERNADOR VALADARES (MG) – R$ 1.539.332,40 
  4. MARABÁ (PA) – R$ 1.516.526,64 
  5. SÃO JOÃO DEL REI (MG) – R$ 1.421.258,64 
  6. ALTO ALEGRE DO PINDARÉ (MA) – R$ 1.362.617,75 
  7. MORRO DO PILAR (MG) – R$ 1.298.825,38 
  8. CAETITÉ (BA) – R$ 1.283.419,47 
  9. ITAGUAÍ (RJ) – R$ 1.214.474,90 
  10. LADÁRIO (MS) – R$ 1.082.982,57

 

 

Critérios de distribuição

Pelos termos da Lei nº 13.540, de 18 de dezembro de 2017, a distribuição da CFEM é feita de acordo com os seguintes percentuais e critérios:

  • 7% para a entidade reguladora do setor de mineração;
  • 1% para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT);
  • 1,8% para o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem);
  • 0,2% para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama);
  • 15% para o Distrito Federal e os estados onde ocorrer a produção;
  • 60% para o Distrito Federal e os municípios onde ocorrer a produção;
  • 15% para os municípios não produtores de minérios, mas que são cortados pelas infraestruturas utilizadas para o transporte ferroviário ou dutoviário de substâncias minerais; ou são afetados pelas operações portuárias e de embarque e desembarque de substâncias minerais; ou ainda são onde estão localizadas pilhas de estéril, barragens de rejeitos e instalações de beneficiamento de substâncias minerais, bem como as demais instalações previstas no plano de aproveitamento econômico. 
     

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