Tão importante como produzir, alimentar e exportar é conservar. É disso que trata o Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, publicado este mês. O documento, produzido por 35 pesquisadores da Embrapa, sintetizou o conteúdo principal do relatório temático com o objetivo de mostrar de forma didática como conciliar a produção agrícola brasileira, uma das maiores do mundo, com sustentabilidade — e traz alertas sobre os impactos da agropecuária convencional nas mudanças climáticas.
Um dos pontos abordados pelo estudo traz a monocultura em larga escala, com sistemas de irrigação intensivos e uso excessivo de insumos e fertilizantes, como insustentável. Outro alerta trazido é com relação a escassez de recursos naturais — já que, em algumas regiões, as mudanças no clima já podem comprometer a abundância da agricultura brasileira. Segundo o documento, há projeção de que na fronteira Amazônia/Cerrado as variações no clima regional vão comprometer a viabilidade de 74% das atuais terras agrícolas até 2060.
Entretanto, alguns pontos do estudo são rebatidos por profissionais do setor. O advogado especialista em agronegócio e professor de direito aplicado ao agronegócio, Albenir Querubini, afirma que o Brasil é um país resiliente em relação às mudanças climáticas. “Temos uma gigantesca cobertura florestal. Além disso, as propriedades rurais possuem áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal — que variam de 20 a 80%, conforme o bioma. O agronegócio brasileiro, em regra, adota práticas conservativas no solo, de manejo cada vez mais aprimorado”, contrapõe o especialista.
Efeitos das mudanças climáticas
Dados do Map Biomas revelam que, em 38 anos — de 1985 a 2022 — a área utilizada para a agricultura no Brasil cresceu 95,1 milhões de hectares. O coordenador do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, Gerhard Ernst Overbeck, afirma que esse crescimento, na maioria dos casos, se deu às custas da destruição da vegetação nativa, o equivalente a 10,6% do território nacional.
O impacto do crescimento pode ser observado nas mudanças climáticas, já que, em 2022, a agropecuária ocupava 33% da área do país e suas emissões respondiam por cerca de 27% do total de 2,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) lançados pelo Brasil na atmosfera. O relatório aponta que esse avanço continuará e pondera que caso o modelo de agronegócio vigente no país continue, projeções de cenários futuros indicam aumento da área destinada ao setor. O que “terá impactos negativos para o meio ambiente e as comunidades locais”, diz o estudo.
Segundo o professor Querubini, o impacto do clima é inerente à atividade agropecuária. “O agronegócio sofre influência por que a atividade agrária é diretamente ligada aos riscos agrobiológicos — que dentro deles incluem as questões climáticas — já que estamos falando de produção baseada em plantas e animais e isso tem interferência direta. Portanto, quanto melhor a qualidade ambiental, melhor vão ser os reflexos para quem produz.”
O produtor de grãos Leonardo Boaretto tem fazendas de soja, milho e feijão no interior de Goiás e percebe o que mudou de alguns anos pra cá. “O que estamos observando são eventos extremos com mais frequência. Como El Niño e La Niña, que estão mais frequentes. E esse fenômenos afetam uma parte do nosso negócio.”
Mudanças a longo prazo
Em Juiz de Fora, Minas Gerais, o produtor de milho para silagem, Marcelo Barone, conta que desde o ano passado vem notando mudança no regime de chuvas — o que interferiu negativamente na produção. “Aqui na nossa região choveu de forma bastante irregular e em alguns momentos volumes menores. Quando teve volume maior foi muito concentrado, não teve aquela chuva bem distribuída, por isso em momentos cruciais de germinação da planta, de crescimento e depois de formação de espiga, a produção foi influenciada negativamente.”
Os dois produtores, tanto o de Goiás, quanto o de Minas, concordam nas interferências do clima na produção agrícola e também em outro ponto. Segundo eles, quando se fala em mudança climática, é preciso ter uma visão ampla do intervalo de tempo. “Na agropecuária, os ciclos são sempre longos e não podemos olhar apenas um ou dois anos. O que não dá para afirmar se essas mudanças recentes são apenas características de um ciclo ou se, de fato, caracterizam uma mudança mais ampla “, avalia Barone.
Mais uma vez, o especialista em agronegócio defende que os meios de produção adotados hoje no Brasil, seguem um modelo sustentável. “Basta lembrar que a gente já tem produtores que trabalham com bioinsumos — reduzindo a dependência de fertilizante e defensivos. O agronegócio brasileiro está sempre avançando em termos de produção com sustentabilidade.”
Sobre o estudo
Elaborado ao longo de três anos por 100 profissionais de inúmeras áreas — ligados a mais de 40 instituições distribuídas por todos os biomas do país — o Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos traz propostas para um melhor manejo do capital natural no meio rural nacional.
A ideia do conteúdo é influenciar gestores e lideranças das esferas pública e privada na tomada de decisões com foco na sustentabilidade e no equilíbrio entre agricultura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
Produção de bioinsumos pode se tornar ilegal em 2025, entenda
Decreto presidencial de 2009 estabelece que produção própria de bioinsumos só será permitida até dezembro de 2024, depois disso, produtores poderão ser punidos com prisão e multa
Índice
Um conflito na legislação vigente hoje no Brasil pode levar pequenos agricultores e produtores orgânicos brasileiros a punições graves — com risco de prisão e multa — caso produzam insumos em suas propriedades a partir de janeiro de 2025.
É que um decreto presidencial de 2009 (DECRETO Nº 6.913 ) prevê que a produção própria — on farm — de bioinsumos só será permitida até dezembro de 2024. Depois disso, a produção local será ilegal, o que irá afetar grande parte dos pequenos agricultores e produtores orgânicos. A punição para a infração pode chegar de 3 a 9 anos de prisão e multa.
Mas dois projetos que tramitam na Câmara podem contornar esse problema e voltar a dar segurança jurídica aos produtores. Tanto o PL 658/2021 quanto o 3668/2021 tratam da classificação, produção e tratamento de bioinsumos, além de ratificar o Programa Nacional de Bioinsumos, juntamente com o PL 3668, que ainda estabelece um marco legal que define os bioinsumos e separa os produtos biológicos dos químicos.
Luta da FPA
Os parlamentares que fazem parte da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) vêm lutando pela aprovação urgente dos dois projetos, que podem reverter a situação e trazer segurança jurídica aos produtores. Para isso, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR) está trabalhando em uma minuta de substitutivo elaborada a partir do debate com mais de 50 entidades do setor, ouvindo também os órgãos do governo.
Em nota publicada no site oficial, a Frente destaca.
“Com a medida, os custos podem ser reduzidos em até dez vezes em relação aos atuais, impactando também o valor dos alimentos para o consumidor, com mais qualidade e aumento da rentabilidade para os pequenos.”
Segundo a FPA, a regulamentação da produção on farm dos bioinsumos é essencial para garantir a segurança, a qualidade e a autonomia dos pequenos produtores brasileiros.
Produção on farm de bioinsumos
“On farm” é uma expressão em inglês que significa “na fazenda”. Neste tipo de produção de produtos biológicos, os produtores rurais multiplicam cepas bacterianas na própria fazenda para uso próprio, como forma de evitar pragas e fazer o controle biológico das culturas.
Os bioinsumos são processos, produtos ou tecnologias que envolvem seres vivos utilizados na agricultura. Por serem de origem natural, eles permitem que o meio ambiente trabalhe melhor, se comparados a uma molécula química, por exemplo. Podendo substituir fertilizantes tradicionais e agindo como fonte de nutrientes para o solo.
Outra vantagem desse tipo de defensivo é que ele reduz os impactos no meio ambiente e na saúde humana, aumentando a sustentabilidade de um sistema de produção, melhorando a saúde da planta, do animal, de forma que ele fique mais resistente.
Preço do boi gordo continua em alta, nesta quarta-feira (6)
O preço da carcaça suína especial, por sua vez, apresentou salto de 2,60%
Após subir 0,03%, a arroba do boi gordo passou a custar R$ 320,90, em São Paulo, nesta quarta-feira (6). O resultado mostra que a tendência de alta continua. São pelo menos 5 dias de movimentação para cima, no valor do produto.
Para o frango congelado, o último fechamento foi de estabilidade. Em atacados da Grande São Paulo, São José do Rio Preto e Descalvado, o preço do quilo do frango congelado continua em R$ 7,67. Já o frango resfriado mantém o valor em R$ 7,76.
O preço da carcaça suína especial, por sua vez, apresentou salto de 2,60% e o quilo custa R$ 14,61 na Grande São Paulo, enquanto o suíno vivo é negociado a R$ 9,10 em Santa Catarina e R$ 9,62 em São Paulo.
O quilo do frango congelado volta a subir e o produto é negociado a R$ 7,67
Nesta terça-feira (5) o boi gordo está cotado a R$ 320,80 no estado de São Paulo, com mais uma alta, dessa vez de 0,08%.
O quilo do frango congelado tem forte alta de 2,54% e é vendido a R$ 7,67. Já o resfriado também tem alta — de 1,97% e custa R$ 7,76.
A carcaça suína especial teve mais uma alta e é cotada a R$ 14,24 no atacado da Grande São Paulo. O quilo do suíno vivo também tem alta e nesta terça-feira (5) custa R$ 9,77 em Minas Gerais. No Paraná, o valor é R$ 9,35, em alta; e em Santa Catarina, também em alta, custa R$ 9,03.
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